Haverá espaço para uma “terceira via”, distante tanto de Miami quanto de um regime à chinesa?
Consumado o afastamento de Fidel Castro em Cuba, as especulações da mídia voltam-se para a escolha de seu sucessor. Aposta-se, no momento, que a Assembléia Nacional, reunida no próximo domingo, confirmará o “histórico” Raul Castro presidente, mas apontará o “renovador” Carlos Laje como vice. Falta um debate mais profundo. Que significaria, para Cuba, a “renovação”?
Ajudam a sondar o futuro dois textos publicados por Le Monde Diplomatique Brasil em junho do ano passado. Carlos Gabetta, editor do jornal na Argentina, escreve sobre as “promessas e misérias do ’socialismo real’” (do qual Fidel é, certamente, um dos últimos símbolos vivos) e sobre a necessidade de formular um novo projeto emancipatório. O repórter Pablo Stefanoni, descreve Cuba antes da transição — e especula sobre suas perspectivas futuras. As grandes dificuldades que marcaram os anos 90, conta ele, ficaram para trás. Os apagões elétricos são mais raros, a comida é menos exígua. O PIB, que despencou 35% nos quatro primeiros anos após o fim da União Soviética, tem crescido agora a taxas em torno de 7% ao ano. O suprimento de petróleo é assegurado pela Venezuela e a valorização mundial dos produtos primários (como o níquel, que Cuba produz em abundância) elevou as receitas de exportação. Não é nada que autorize a falar num período de prosperidade ou conforto. A produção industrial é risível; o sistema de planejamento central burocrático inibe iniciativas, o que resulta em quase nenhuma variedade alimentar e em dificuldades constantes de abastecimento de produtos básicos.
Mas a novidade mais original vem agora: o declínio da força ideológica do neoliberalismo também abriu o leque das alternativas políticas para o futuro. Há alguns anos, vislumbravam-se apenas duas opções. Após Fidel, o Partido Comunista tentaria preservar o regime, aceitando o mínimo de mudanças. Já os EUA, aproveitando-se da ausência do líder carismático, tentariam promover a volta ao capitalismo clássico, incentivando revoltas populares desestabilizadoras. Agora, as variáveis são outras.
Texto extraído do jornal "Le Monde Diplomatique", na Internet.
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
Depois de Fidel, o que?
Postado por -Flor do Campo às 5:55 PM
Marcadores: Atualidades
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Um comentário:
Após o sucumbimento de qualquer líder carismático, um plano político nunca mais será o que foi.
Relativamente a Cuba não podemos esquecer a forte invectiva dos EUA na massificação teórica e nalguns casos prática do mercado livre (As importações ilegais do novo mundo são prova disso).
Por outro lado temos a intenção na permanência de um estado comunista perante as forças vigentes, que quer queira quer não, vigoram naquele país.
O diferencial destas potenciais forças irá ditar o regime, mas nunca mais será totalitário.
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