terça-feira, novembro 27, 2007

A USP e sua seleção

Mais uma prova da Fuvest foi realizada, e o que se constata, é que o método de avaliação dos candidatos pouco mudou. Continuam sendo cobradas todas as matérias do ensino médio, por vezes com tanta especificidade que só sendo da área para não ter dúvidas. Mesmo o candidato mais preparado às vezes se depara com algumas surpresas.

Essa forma está sendo contestada por muitos, pois exige dos candidatos o que seria difícil para o estudante brasileiro hoje: conhecer e entender a fundo todas as áreas, quando mesmo o aprendizado básico é defasado.

Um exemplo: um candidato presta o exame (que teoricamente cobra o conteúdo visto no ensino médio, desconsiderando cursinhos e afins) para a carreira de letras. Ele tem bom desenvolvimento da língua portuguesa, redige bons textos e tem facilidade nesse campo.Essas seriam qualidades de um formado na área.

Mas para se graduar na Usp em letras, o candidato deve realizar a façanha de conseguir, sozinho ou com auxílio de cursinhos, o entendimento e domínio de matérias com as quais nunca se identificou, como matemática ou física, por exemplo.

Está claro que o atual método da Fuvest deve ser revisto, para que a seleção de candidatos seja mais justa e baseada nos conhecimentos e aptidões que ele tem para seguir aquela profissão que deseja.

Um aluno de escola pública, hoje encontra enormes dificuldades ao enfrentar vestibulares concorridos, de faculdades públicas principalmente. Isso é uma forma de exclusão, e ao mesmo tempo ilustra o quão falha está a democratização da educação no país. Uma universidade pública deveria ser, teoricamente, destinada a candidatos que não têm condições de pagar pelo ensino superior.

Mas o que acontece é justamente o contrário. Aquele que não pode pagar pelo ensino básico, tem de se contentar com as péssimas condições do ensino público, que não fornecem base nem ao menos desenvolvem no aluno o hábito de enfrentar situações-problema.Na hora de selecionar aqueles que farão o ensino superior numa faculdade como a USP, porém, quem consegue entrar é aquele que estudou em boas escolas particulares e em geral, tem boas condições financeiras.

Dizer que o sucesso nos estudos depende de cada um é algo fácil, mas na prática isso não vale, porque mesmo um aluno não muito dedicado, em uma boa escola, consegue obter maior rendimento que o aluno que se esforça, em uma escola com condições precárias de infra-estrutura e ensino.

Por enquanto, resta torcer para que as instituições públicas de ensino superior tornem a seleção mais justa, abrangente, e mais democrática.

Um comentário:

Jonice disse...

Oi, Raquel.

Hoje não li o post porque estou com um pouco de pressa. Vim te convidar para brincar de favoritos se você quiser.

Bom fim de semana e um beijinho :)