domingo, março 04, 2007

Psicologia de um vencido


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


Augusto dos Anjos

2 comentários:

Anônimo disse...

Ele, filho da preguiça e da bagunça, da grosseria e da falta de educação, quem é? É ou não é?
Se é, afugentai-o.
Se não é, aguentai-o.
Se podeis, espantai-o.
Espantai o espantalho.
Toe jeito aquele pirralho.
Parece um idiota, ibecil, paspalho.

Arlequim.

Anônimo disse...

Chataicha

Ai, chatice!
Ai, xaropice!
Ai, chacal a gritar!
Ai, chave de um quarto de refúgio!

Ai, chatice! Ai gritice, ai afetação!

Educação baixa,
falta educação em caixa,
"procura-se a educação" diz a faixa.

Ai, chatice